Produção Colaborativa

A produção colaborativa pode ser definida como um processo criativo coletivo no qual a produção não possui caráter único, sendo composta de uma natural pluralidade de elementos que se complementam e podendo ser construída por todos que tenham contato com ela. A Internet, rede mundial de computadores, revolucionou várias formas de relacionamento. A mais notável delas foi a verticalização do convívio homem/máquina. Passar horas na frente do computador tornou-se uma cena comum em escritórios, casas e até nas ruas. Tanto tempo usando o micro fez com que as pessoas repensassem a condição de serem destinatários passivos das informações e até mesmo das tecnologias, reivindicando um espaço na construção das novas formas de expressão. Com isso, surgiu a figura do usuário ultra ativo que cria páginas, produz material diverso, como fotos e vídeos, e ainda altera códigos de programação
Alimentado pelas inúmeras possibilidades de uma rede infinita, as pessoas apropriaram-se da Internet como um espaço público no qual exploram seus benefícios utilizando os serviços disponíveis, mas também gerando inovações. E por estar em rede, o cidadão troca informações, experiências e institui um processo de produção colaborativa. Numa sociedade cada vez mais tomada por blogs, flogs, redes de relacionamento e Software Livre, esta forma de produção é o modelo escolhido pelos usuários das novas tecnologias para promover um acesso universal ao mundo digital. A atual cidadania está construindo um caminho no qual é o sujeito da própria história. Elementos como os telecentros, home studios e a adoção de Software Livre são formas importantes de inclusão, pois ampliam o acesso e possibilitam uma contribuição maior e mais plural. A colaboração instituiu uma nova fase. Ela respondeu à crise vivida pelos meios culturais desde o fim dos anos 90 e levou voz a camadas da população que nunca tiveram a oportunidade de participar de forma incisiva da vida social. 
Essa revolução no modo de vida humano reverbera na forma como o homem interage com o mundo, consigo e com as coisas humanas, gerando uma mudança de hábitos e de visões que desemboca em uma mudança cultural completa, inclusive passando pelas formas de produção. 
Quando esse contexto é adaptado ao mundo da produção cultural, o resultado obtido é a formação de grupos onde vários parceiros entram com conhecimentos, produtos e/ou serviços específicos, atendendo à rede de ações que propiciam a realização de eventos e outros produtos culturais de toda ordem, reduzindo os custos da produção e gerando benefícios a todos os envolvidos. É onde entra o uso das noções de economia solidária. Para organizar um arranjo produtivo onde o capital intelectual, o capital social, o capital simbólico e a força de trabalho são tão importantes e determinantes na quanto os recursos financeiros e, muitas vezes, são uma alternativa ao uso destes no momento de tirar do papel alguma ação ou idéia. E que, desta maneira, usa o capital humano para criar uma circulação de recursos que retorna em benefícios e estrutura para a própria rede. Uma distribuição mais horizontalizada dos meios de produção, dos produtos culturais e dos benefícios por eles gerados, em incentivo à diversidade e à criatividade. 
Para os artistas independentes, a produção colaborativa é a alternativa mais viável e efetiva para conseguir realizar seu trabalho artístico, visto que poucos têm condição de arcar com os custos e com as tarefas destas produções completamente sozinhos e obter uma qualidade profissional. E isso também é economia criativa.