Economia Criativa


Economia criativa, o que é?

A economia criativa é um dos assuntos do momento. A definição exata do termo (se é que existe uma) é nebulosa. Porém, os debates, em várias esferas de estudos, sobre os diversos contextos culturais, econômicos e sociais ajudam a entender um pouco mais sobre ela e sua importância na globalização e nesta era da informação e do saber.
Origem do termo
Como quase tudo na humanidade, não há consenso exato do que é e de onde surgiu a economia criativa. Atribui-se sua origem a outra terminologia, indústrias criativas, que foi inspirada no projeto Creative Nation, surgido na Austrália, em 1994.
A essência do projeto era demonstrar a importância da criatividade para a economia e o desenvolvimento de um país. Observando esse acontecimento em 1997, o ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair convocou diversos representantes do governo e criou uma área multissetorial para analisar tendências de mercado e vantagens competitivas e descobrir quais seriam os setores mais promissores para o século XXI.
Os 13 setores de maior potencial identificados foram chamados de indústrias criativas, sob o slogan “Creative Britain”, com a seguinte definição: “Indústrias criativas são, portanto, indústrias que têm sua origem na criatividade, habilidade e talento individuais e apresentam um potencial para a criação de riqueza e empregos por meio da geração e exploração de propriedade intelectual”.
Apesar da não homogeneidade de opiniões quanto aos setores que integram a economia criativa, o convencionado são as áreas que o Reino Unido mapeou na pesquisa iniciada em 1997: propaganda, arquitetura, mercados de arte e antiguidades, artesanato, design, moda, filme e vídeo, software de lazer, música, artes do espetáculo, edição, serviços de computação e software, rádio e TV.
O movimento da economia criativa interessa por dois motivos principais: em primeiro lugar, pelo impacto dos bens e serviços produzidos pelas áreas que ela abrange, sendo importante não apenas pela riqueza que gera diretamente, mas principalmente pelos processos de pesquisa e produção que são incorporados por quase todos os setores econômicos; em segundo lugar, por estabelecer a criatividade como maior capital humano, principal combustível para a produção comercial e artística.
Conceito e perspectiva
Mas, afinal, o que é considerado economia criativa?
Uma das definições mais interessantes foi dada pela estudiosa brasileira Edna dos Santos-Duisenberg, chefe do programa de Economia e Indústrias Criativas da UNCTAD, a Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento. Segundo ela, a economia criativa seria uma abordagem holística e multidisciplinar, lidando com a interface entre economia, cultura e tecnologia, centrada na predominância de produtos e serviços com conteúdo criativo, valor cultural e objetivos de mercado, resultante de uma mudança gradual de paradigma.
De forma resumida, economia criativa é toda produção cultural e intelectual, calcada na criatividade, com valores simbólicos e econômicos/comerciais, que possam dialogar em escala global e representar localmente uma sociedade.
Após a pesquisa realizada pelo Reino Unido, nações com as mais díspares culturas adotaram, em seus planos de governo, a economia criativa, que é tida hoje como tema-chave para o planejamento do desenvolvimento, principalmente para nações como o Brasil.
As áreas que compõem a economia criativa são muito diferentes umas das outras, assemelhando-se pela necessidade do uso da criatividade – algo subjetivo, pois a criatividade deve constar de qualquer trabalho, até dos mais braçais – e pelo uso da tecnologia.
Valor simbólico
O que difere os produtos e serviços advindos da economia criativa dos demais é justamente o valor simbólico que carregam. Um filme pode ser visto em uma televisão, em um notebook ou em um iPod. Porém, neste último, são facilmente identificáveis atributos da economia criativa, como design e software de lazer, o que torna a experiência de ver um filme muito diferente, pois os valores emocionais e simbólicos existentes em um iPod o diferenciam de outros aparelhos. Há consumidores para TVs e notebooks; para os iPods, há fãs.
Mais do que produtos e serviços, a economia criativa se preocupa com a experiência, tanto para quem produz quanto para quem consome. É uma leitura dos novos tempos: a necessidade de produzir comercialmente, criando experiências criativas e atrativas, com valores singulares para uma sociedade, mas que sejam traduzidos universalmente, utilizando a tecnologia como base para a efetivação dos projetos.
Havendo consenso ou não sobre as áreas de abrangência da economia criativa, é fato notório que a atitude de Tony Blair abriu uma nova perspectiva comercial em escala global, em que a cultura, a tecnologia e a criatividade têm lugares de destaque.
Sendo assim, por aqui, o que se espera é que o governo brasileiro, que hoje se destaca no cenário internacional, adote medidas de estímulo a essas áreas estratégicas, pois o restante, criatividade e vontade de trabalhar, o país já tem de sobra.

 *Por Leonardo Cássio, sócio-diretor da CultCultura, empresa de marketing cultural.


Vendem-se sonhos, ideias e sentimentos positivos: os produtos finais de um novo ramo econômico, que se alimenta da criatividade como matéria-prima. Uma economia que depende do cérebro humano, da informação e do conhecimento. Ideias que geram lucro em uma indústria capaz de induzir e estimular o crescimento de outras áreas da economia. Essa é a economia criativa.
Com uma movimentação financeira mundial de mais de US$ 3 trilhões, esse setor é primordial para o desenvolvimento socioeconômico, tendo um crescimento de 6,3% ao ano e já sendo responsável por 10% da economia mundial. Segundo estudo da Firjan, a cadeia da indústria criativa já representa 17,8% do PIB do Estado do Rio (cerca de R$ 54,6 bilhões) e emprega 82 mil pessoas.
Segundo a especialista em economia criativa e desenvolvimento sustentável Lala Deheinzelin, a diferença da economia criativa em relação às outras é que ela promove o desenvolvimento sustentável e humano. Quando trabalhamos com criatividade e cultura, atuamos simultaneamente em quatro dimensões: econômica, social, simbólica e ambiental.
“Isso leva a um inédito intercâmbio de moedas: o investimento feito em moeda-dinheiro, por exemplo, pode ter um retorno em moeda-social; o investimento realizado em moeda-ambiente pode gerar um retorno em moeda-simbólica, e assim por diante”, afirma Lala.
A força do setor está diretamente ligada à geração Y, jovens conectados que se opõem ao sistema de trabalho tradicional, aos “robôs operários”, e querem é fazer aquilo que gostam e criar. Para isso, até o ambiente de trabalho em que se desenvolvem as empresas da indústria criativa são leves, sem cara de escritório.
Como disse John Howkins no livro The Creative Economy: How People Make Money From Ideas, “não podemos mais falar em empregados das 8h às 18h”.
O vídeo abaixo ilustra esse conceito ao apresentar empresas brasileiras do setor.
Para estar à frente no mercado, as companhias precisam agora inovar e trabalhar com o imaginário do consumidor, procurando antecipar os seus desejos. A moeda dos negócios passa a ser cada vez mais o compartilhamento. Em entrevista ao Portal HSM, o prof. Gilson Schwartz, líder do grupo de pesquisa Cidade do Conhecimento da Universidade de São Paulo (USP), fala que “a economia do conhecimento existe quando criar valor depende da inteligência coletiva mediada por redes digitais”. De acordo com o professor, a colaboração no mercado chegará a níveis inéditos, privilegiando o acesso compartilhado em detrimento da propriedade. É o capitalismo se reinventando, valorizando uma nova forma de coletivismo!
Atualmente, quem sempre dependeu de grandes máquinas diz ao mundo que o futuro é dos cérebros! Do jovem que ainda está na faculdade aos CEOs de grandes empresas globalizadas, quem ficar fora da era da colaboração e do conhecimento será incapaz de competir nos negócios, por não saber compartilhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário